Friday, January 04, 2013

Borderless com Alejandro Saavedra



Na próxima quinta feira dia 10 de janeiro, o peruano Alejandro Saavedra estará abrindo o calendário de exposições 2013 da Galeria Homegrown com a exposição Borderless e suas obras que transitam entre a realidade e a fantasia.

"Por um longo período durante a História da Arte, o valor de uma obra esteve atrelado à fidelidade com que ela representava o real. Esse critério de valoração estética só começa a ser superado, visivelmente, a partir de movimentos que trazem para a Arte a matéria diáfana do sonho e da fantasia, como o Surrealismo. Só então o artista se torna livre da obrigatoriedade de representar o mundo exterior. Ao pintor, dentre os artistas talvez o mais beneficiado por essa libertação, abre-se então outra dimensão de criação, muito mais fértil à representação e ao fantástico do que as amarras da realidade jamais permitiram.

Essa é a direção do portentoso trabalho de Alejandro Saavedra em sua exposição Borderless. Suas obras, plasmadas a partir da matéria informe da (in)consciência, vão-se situar também no entre-espaço entre a realidade e a fantasia. Por entre as muitas formas que perfazem cada uma de suas telas o que se vê, na verdade, é a multiplicidade e o pulsar da mente em si: simulacro do real com sua coerência inquebrável, mas ao mesmo tempo aberta à infinita possibilidade do sonho, à experimentação do que há de mais inominável dentro do eu. Ao romper o limite entre o que há dentro e fora do indivíduo, o artista acaba por desnudar a função mais catártica da arte: diminuir ao máximo a distância entre o eu, todo interioridade, e o mundo, que lhe é externo e estranho.

A experiência estética que o espectador pode prever desta exposição é outra, portanto, que não aquela nascida do reconhecimento do real mimetizado. Mais profundo que isso, suas imagens vão tocar o indivíduo que as contempla exatamente no reconhecimento do que se movimenta não fora, mas dentro dele: homem, macaco e touro, animal irracional e ser pensante, tudo a um só tempo. E na simultaneidade do que se desdobra dentro do ser, pelas mãos do artista peruano, a interioridade se sublima em beleza e renasce, para o fruidor que a vê, como prazer estético."

Texto escrito por:
Diego Diniz é atualmente bolsista, pela CAPES, do curso de Mestrado em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É bacharel e licenciado nas Línguas Portuguesa e Italiana, bem como em suas respectivas literaturas, pela mesma Instituição.